sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Poema de Isabel Furini: MALABARISTAS -Ilustração de Lucy Urquiza

 Ilustração de Lucy Urquiza

MALABARISTAS

Objetos desenham formas curvilíneas no ar infectado de mosquitos.
Não muito longe, o pantanal aflito
Grita por socorro no fechado nevoeiro.
Ninguém escuta! Há música e cervejinha
E há risos e mais música e mais cerveja.

A vida se transformou em pantomima.
A morte os surpreende de fininho.
A vida é diversão que se prolonga...
Ninguém se atreve a discordar da maioria .
Recriação da caverna de Platão,
Circo romano
E televisão são alegria.

E alguém escreve: A Idade Média voltou... ou nunca foi extinta?
Os senhores feudais são chamados empresários,
Mas tem as mesmas mordomias.

Hipótese descartada.
Monografias exigem citações
Só doutores tem direito ao pensamento,
O povo é considerado burro (A Terra
É um lugar onde os clones clonam seres clonados).

E o circo continua com poucas variações.
O intruso da monografia está enclausurado,
Os manicômios estão repletos de poetas,
Filósofos, livre-pensadores e outros bichos cavernícolas.
A sociedade aplaude tecno escravos (aptos e bem equilibrados).
Globalização exige competência – com alto grau de astúcia.
É preciso esmagar a concorrência!

Moradores do Terceiro Milênio, viciados em Internet e em fast food.
Escravos da alta tecnologia – tecno escravos,
Números que nascem e morrem ao acaso.
Formatados pelo sistema, fingem ser felizes no espaço
Reduzido de uma tela em branco.

Malabaristas em um mundo escravizado,
Jogam novamente os bastões no ar e o circo continua...

(Poema de Isabel Furini)

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